Depois de um Sábado inteiro nas limpezas, posso finalmente gozar este Domingo de tempestade bem sossegadinha, no quentinho do lar, a ver desenhos animados com o puto, enquanto vou navegando pela net ou lendo o que me aparece cá por casa… assim sendo, estão mais que reunidas as condições de disponibilidade física e mental para, finalmente, responder ao desafio da mãe e andar para a frente (já não aguento mais andar a pensar nisto).
Quando penso em felicidade, tenho sempre que analisar dois planos: aquele que eu chamo estrutural e aquele em que normalmente as outras pessoas pensam, mas que para mim é apenas conjuntural.
Se encararmos a coisa com algum bom-senso, facilmente chegamos à conclusão de que quando temos mais do que o essencial para viver, temos paz, uma família unida, não temos conflitos, não temos ninguém gravemente doente ou deficiente, estão reunidas algumas das condições básicas para se poder dizer que somos estruturalmente felizes. Eu sinto isso todos os dias e considero-me uma pessoa mais feliz do que o normal, o que para dizer a verdade, é uma coisa que até me assusta bastante…
Por outro lado, temos a felicidade conjuntural, que tem a ver com os momentos mais ou menos felizes que vamos vivendo no dia-a-dia e que, por vezes, nem tem nenhuma razão objectiva (toda a gente já acordou em dia de “neura”, só porque sim).
Dito isto, que é a parte mais “lapalisse” da coisa, o que eu acho realmente, é que hoje em dia, as pessoas procuram apenas a felicidade que nos vendem, aquela que todos devemos desejar para sermos normais e que está inevitavelmente ligada ao sucesso profissional (medido apenas em euros), pela quantidade e qualidade de carros que temos, de viagens que fazemos, de roupas que compramos, de LCD’s que temos em casa, do colégio onde estão os nossos filho e da quantidade de coisas espantosas que eles aos nove ou dez anos já sabem fazer, à custa de horas e horas de Inglês, música, karaté, ballet, explicações, etc, etc…(esta é a parte das nossas conversas ao almoço em que o pai, normalmente, já desligou!)
Escusado será dizer que a felicidade para mim não tem nada a ver com isto!
Antes de mais nada, é preciso que as pessoas comecem a PENSAR, mas pensar mesmo sobre aquilo que querem para si, independentemente do que a sociedade e os media lhes querem vender, para formatar bem as cabecinhas. Sem isso, nada feito… continuaremos a “ir na onda” e ficar todos, cada vez mais, uns infelizes, inadaptados, porque, como diz a mãe, estamos a desequilibrar o nosso ecossistema.
Há uns anos (não muitos) atrás, as famílias estruturavam-se de uma forma alargada, com os avós a viver juntamente com a família nuclear e tios e primos nunca muito longe. As mães estavam em casa, de geração em geração, e os homens tratavam do trabalho e dos negócios. Todos sabiam qual era o seu lugar e o seu papel, o que trazia segurança, mas também monotonia, prisão e uma cultura de “pensamento único”.
Como em todas as revoluções, houve um período em que foi necessário “radicalizar” e levar a coisa ao outro extremo, afirmando a absoluta liberdade individual de cada um de ser o que muito bem lhe aprouvesse, independentemente de credo, sexo, raça, classe social de onde proviesse, opções sexuais, etc..
O que questiono agora é: e onde é que paramos? Quando acaba a necessidade de afirmar o pseudo-individualismo ao extremo (porque na verdade não deixámos de ter que ser todos iguais, só que num paradigma diferente), que nos tem deixado cada vez mais isolados, egoístas, competitivos, produtivos, normalizados e … infelizes?
Quanto a mim, está mais do que na hora de começarmos a resolver o desequilíbrio ecológico em que nos metemos.
Todos somos diferentes e a nossa felicidade está em respeitarmos apenas a nossa natureza, o que não tem, necessariamente, que corresponder às convenções sociais ou aquilo que a sociedade decidiu que devemos querer.
Para mim, além da felicidade que vivo diariamente, o sonho de felicidade (sem isso não avançamos) passa invariavelmente por qualquer coisa como ver-me a fazer doce de abóbora na "cozinha grande" com uma data de filharada a correr no jardim.
Não vejo na imagem o dinheiro, os carros, a roupa, a profissão e tudo aquilo que a televisão diz que devia querer, so what?
EU?
“EU QUERO UMA CASA NO CAMPO”!
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4 comentários:
EXCELENTE... concordo completamente.
é isto que me faz ser uma mãe feliz ... consegui ...os meus filhos são bonitos por dentro e por fora.Pensam, e por isso podem decidir pela cabeça deles.
Embora seja necessário mais pensadores,colaboradores do blog, para dar a teoria por completa e regista-la como nossa, acho que aqui está tudo, e muito bem escrito.
acho que este post pode candidatar-se a ser o melhor post deste blog ... muito bom
epáááááá...também não é caso para tanto :)! Mas obrigada na mesma!
Creio que disseste tudo! Clareza de raciocínio. Dizer melhor não será fácil e, penso eu, encerraste o assunto. Gostava de ter uma cabeça capaz de tal poder de síntese mas, infelizmente as ideias atropelam-se umas às outras, misturam-se num novelo de que perdi a ponta... Parabéns.
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