quarta-feira, 16 de abril de 2008

Educar não é fácil

Finalmente acabaram as cassetes e agora já tenho um bocadinho mais de disponibilidade mental para vir aqui escrever. Claro que a seguir começa o trabalho jurídico propriamente dito, que também não vai ser pêra doce, mas sempre estou mais na "minha praia" :).
Aqui há dias estava a falar com uns amigos sobre a minha velha mania de faculdade de sair à noite até às tantas e ir de manhãzinha às aulas, fizesse sol ou chuva, nem que para isso tivesse que fazer "directa".
Na altura não liguei muito ao assunto, mas entretanto, comecei a pensar e lembrei-me de uma história antiga, que apesar de tudo, ficou sempre muito presente.
Quando o Tio Sérgio casou, eu tinha quase seis anos e fui escolhida para levar ao altar as almofadas onde o casal havia de ajoelhar-se durante a cerimónia. Como é costume, a coisa implicou toda a preparação habitual, vestido branco feito na modista, ensaio na Igreja, etc... etc.... Acontece que na noite anterior ao casamento, quando ia a sair do carro, pisei uma pequena fogueira que estava na berma da estrada, e como trazia as sandálias de plástico que se usavam na altura (lembram-se? Aquelas do peixe-aranha?), queimei imediatamente o pé.
Vai logo de correr para a farmácia e fazer o curativo no Café Sanfins, no meio de muitas dores e sofrimento.
No dia seguinte, enquanto a mãe me preparava para o casamento, apercebeu-se de que eu andava a mancar por causa da queimadura... Não sei bem como, parece que aquilo despertou todo o espírito "the show must go on" que havia nela, e obrigou-me a andar na casa de banho da casa da avó para trás e para a frente até eu parar de mancar, doesse lá o que doesse.
Eu tinha assumido o compromisso e nem pensar em fazer fraca figura!
Claro que na altura, eu - com cinco anos, mãe, cinco anos - não percebi logo o alcance da coisa e fiquei chocadíssima com tamanha maldade e falta de compreensão.
Aliás, verdade seja dita... nem compreendi na altura, nem nos anos que se seguiram, mas, vá lá, a partir de certa idade a coisa começou a fazer sentido e, mais do que isso, a ter resultados práticos.
Já percebi porque é que ia às aulas nem que fosse de rastos...
Agora só espero saber aproveitar a oportunidade, quando ela surgir, de ensinar o mesmo ao Gui, mas imagino que não deve ser nada fácil! Não tenho vontade nenhuma de o ver a olhar para mim como eu terei certamente olhado para a mãe naquele dia...

3 comentários:

loclicas disse...

Eu lembra-me . e doía...se doía....mas eu já tinha aprendido .
compromissos são compromissos , e desde muito cedo tinha aprendido que honrar os compromissos marca a diferença.
Ceder em determinadas alturas pode deitar tudo a perder.Mas doeu-me todo o dia.Foi mais um dia de luta comigo mesmo.Esse dia foi muito agressivo por tudo o que se passou mas acabou bem.Não te lembras do raspanete que o padre resolveu dar em público(á mulher do Rui)?

Cláudio disse...

Um beijo para as duas.

tess disse...

lol, que maluqueira... a mae tem cada uma, nao era por estares manca que nao ias ...mas pronto deixa la que eu tenho histórias dela muito boas...