quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Tempo

Aqui o tempo passa devagar.
Há tempo para fazer tudo e para não fazer nada. Para pôr as ideias em ordem, baralhar, voltar a dar e deixar tudo na mesma outra vez. Mas lá que faz bem, faz.
Enquanto a casa leva as últimas camadas de tinta e as casas de banho ficam finalmente terminadas, conseguimos passar a manhã a tomar os nossos pequenos almoços lentos, a deitar conversa fora na "Jacinta" e a deixar o tempo passar por nós bem devagar, como ele anda por estes lados.
Os almoços regados a "verdinho", como de costume, têm tendência para se arrastar, mas o passeio higiénico pelos campos deixa tudo cheio de energia outra vez e de tarde é ver cada um a andar para o seu lado, arranja daqui, rega de acolá, procura "chuço" para espetar nas plantas, engendra maneira de ligar o cortador de relva lá atrás ("Já te disse que o fio não chega!", "Chega, chega, mandas da janela da cozinha!" "Não chega nada. Arre que a mulher é casmurra!" Chegou, mas foram preciso dois fios e ajuda dos homens da obra...), ele é partir o cimento da eira à picareta.
E o tempo ainda sobra...vale mil vezes mais do que o dinheiro.
E dorme-se profundamente, um sono tão profundo como este silêncio que nunca ouvimos na cidade...

Sem comentários: