domingo, 27 de janeiro de 2008

A nossa praia


A nossa praia sempre foi palco de algumas das nossas mais maravilhosas lembranças.
Após os primeiros dois ou três dias de inferno, em que andava tudo a discutir por tudo e por nada, instalava-se uma fantástica rotina, responsável pelo facto de as férias acabarem por ser verdadeiramente retemperadoras para todos (acho…).

Começava-se o dia bem cedo, graças aos incansáveis esforços da mãe, que não só ia ao pão de madrugada, como arrancava tudo da cama com bastante competência. Para convencer a malta, nada como um lauto pequeno-almoço que todos partilhávamos à mesa (coisa que no dia a dia não dava para fazer), com tudo a que tínhamos direito e um pão que desgraçava qualquer perspectiva de dieta com que partíssemos para o Algarve.

Depois era a empreitada da saída de casa com todos os carregos e sem esquecer nada (muda de roupa para os miúdos, chapéus, toalhas, brinquedos, água e sumos, bolachas, um nunca mais acabar de bens essenciais, fora os que já ficavam no carro de uns dias para os outros).
Certo, certo é que éramos sempre os primeiríssimos a chegar à praia (nós é que abríamos aquilo) e os mais pequenos, entre os quais eu me incluía, iam logo direitinhos para o mar, de onde normalmente só saiam, à força, na hora de ir para casa.

A manhã era curta.
No máximo às 10h30 da manhã estávamos a recolher o material, que desta vez, além de tudo o que vinha de casa incluía ainda dois guarda-sóis, uma cadeira para cada um dos pais e as revistas e jornais comprados entretanto. Era duro… e convencer os putos, cansados, a virem embora e a carregarem os seus brinquedos… e os chinelos que às vezes ficavam no caminho e era preciso voltar para trás a apanhar…
Enfim… uma passagem rápida no mercado para comprar um peixinho fresquinho para o almoço ou o jantar e estava tudo pronto para uma banhoca rápida antes de almoço, só para tirar a areia. Agora que penso nisso, desconfio que este duche a meio do dia não passava de uma estratégia da mãe para nos manter ocupados enquanto ela fazia o almoço (boa, mãe!).
Depois de almoço TODA a gente tinha que dormir, e após alguma guerra contra o sono, não havia quem não acabasse por passar pelas brasas, antes de voltarmos a deslocar toda a parafernália para a praia outra vez…. Mais umas boas horas de água, apenas interrompidas pelo homem das bolas de Berlim (lembram-se do Jorge e seus lindos olhos azuis?). A hora da Bola de Berlim era outro momento mágico…comer uma bola da praia ainda todos encharcados, acabados de sair do mar, e sentir aquele sabor doce misturado com a água salgada das mãos e dos pingos do cabelo e da cara, mais alguns salpicos inevitáveis de areia é qualquer coisa para a qual ainda hoje não encontro comparação.
Claro que à noite, estava tudo cansado, mas nem assim deixávamos de dar nosso passeio digestivo após o jantar, para acabar de estafar o pessoal.

A história já vai longa, mas mesmo assim, há uma que não resisto a contar: como a casa do Algarve só tem dois quartos, as “crianças” dormiam todas juntas, numa grande cama formada pela junção de duas camas de “pessoa e meia”. Claro está que, entre as duas camas juntas ficava sempre uma pequena folga, que todas as noites antes de dormir tentávamos unir o mais possível. Uma das noites (ou tarde, à hora da sesta) estávamos os três no quarto, quando a Teresa bateu não sei aonde com o cotovelo (acho que foi porque caiu da cama, mas não tenho a certeza), e no seu estilo estridente do costume, começou a rolar pela cama agarrada ao braço, muito queixosa (AI, AI, AI ...).
Eis senão quando….PUM! A Teresa desapareceu abruptamente, por entre as duas camas, que pelos vistos estavam mais afastadas que o costume, e fiquei eu e o Rui aparvalhados sem perceber para onde tinha ela ido.
Quando percebemos, foi gargalhada geral, incluindo a Teresa, que perante o ridículo da situação até se esqueceu das dores (do braço e da queda) e se juntou a nós, naquele riso incontrolável.

1 comentário:

loclicas disse...

Não Há sossego....
E á hora da sesta nimguem queria dormir...
mas depois a coisa compunha-se ...
e muitas vezes á hora do lanche ainda tinha que movimentar as hostes....
Aí amor a quanto obrigas...