domingo, 27 de janeiro de 2008

O bebé



Quando já ninguém esperava, a família foi abençoada pelo nosso Quico, que se tornou o eterno bebé da casa.
Desta vez, a obra prima levou todos os genes da calma e pachorrice que havia para distribuir e ficámos com um bebé perfeito: lindo de morrer, dormia bem, comia bem, estava sempre com um ar feliz e satisfeito, nunca ficava doente e não chorava… uma coisa do outro mundo, quando comparado com o vulcão que era a Tess…

Embora nunca ninguém se tivesse queixado das meninas, a verdade é que a chegada de um herdeiro “varão” deu grandes alegrias aos avós, principalmente ao avô Zé Carlos, que tinha indisfarçável orgulho no seu único menino.
E o certo é que, desde que nasceu, o nosso bebé era um verdadeiro “rapazola”, que em nada se confundia com as netas, que sempre eram ligeiramente mais delicadas (embora não muito). O miúdo tinha mesmo cara de rapaz e era rijo como um tronco… se dúvidas houvessem, todas se dissiparam no momento em que ele, mal se sabia ainda sentar, começou a parar pasmadinho à frente da televisão sempre que estava a dar um jogo de futebol.
Lá em casa acompanhava-se a Fórmula 1 e, quando muito, os Ralis (eu era admiradora da Michele Moton, por influência do pai), e por isso, ao princípio, ninguém percebia o que é que o miúdo tinha para ficar assim tão sossegado… primeiro que déssemos conta de que era o futebol…

Como nasceu no Inverno, o “Bebé” já só foi para a praia no Verão seguinte, quando tinha oito ou nove meses e como todos os membros da família, ficou logo fã, de tal maneira que passava os dias a gatinhar pelo areal fora, passando literalmente por cima de tudo quanto se lhe atravessasse à frente (há que dizer que, embora pachorrento, o Quico era um verdadeiro “camionista”, com uns ombros largos e muita força, por isso quando gatinhava, era também um autêntico tractor …).
Além de comer areia abundantemente, chegando a meter a pá cheia na boca, como se de “sopinha” se tratasse - facto que deixava toda a gente arrepiada - o Quico conquistou o respeito e reverência de todos os homens da praia no dia em que, com toda a coragem e determinação, gatinhou em grande entusiasmo por uma senhora de “topless” acima… apesar do nosso pânico, a senhora parece que não levou a mal e até achou piada, mas o resto da família ficou eternamente traumatizada…

Uns meses mais tarde, mudámos de casa, e, uma vez mais, o nosso bebé mostrou a fibra de que era feito. Fizemos a mudança sozinhos (com a ajuda de alguns vizinhos para os móveis mais pesados) e todos tiveram que “dar o litro” para vivermos o sonho da casa nova, há tanto tempo desejada. Desta mudança, a imagem mais inesquecível de todas é a do bebé, com pouco mais de um ano, a carregar os seus brinquedos rua abaixo, muito compenetrado na sua tarefa e ciente da necessidade de fazer a parte que lhe competia para todos atingirmos o objectivo colectivo.
Depois dessa mudança, muitas aventuras vieram na casa nova, algumas da quais com o nosso Quico como personagem principal, mas essas tem que ficar para outros "episódios"…

2 comentários:

cavagnac disse...

Gostaria de acrescentar que o quico não subiu de qualquer maneira para cima da senhora. "Efectivamente" a senhora estava deitada de costas - de barriga para cima - e de pernas abertas.
O quico evoluiu pela vale formado pelas duas elevações - em forma de V - e trepor pela confluência, na zona do " monte de vénus".
Será que as lições do " puta fina " se transmitem hereditariamente???

Perchta disse...

Pois... faltava esse esclarecimento. Daí o trauma!
Não foi só o subir, foi a forma como subiu :).