terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A filha do Capitão

Provavelmente já todos leram e não digo nada de novo a ninguém mas confesso a minha ignorância e o meu espanto ao ler que no início do século XX não se limpava o rabo! E não sei por que inspiração, na família do capitão, os elementos mais novos só começaram a fazê-lo a partir do momento em que o pai começou a comprar o jornal para saber os resultados do futebol. Abençoado futebol. E banhos, só no verão e rápidos porque a água era fria (uma vez por semana). Recordei-me dos tempos de puto e dos tempos de Coimbra, em casa da D. Ernestina na Couraça, em que banho era também uma vez por semana; banho a mais tinha de ser pago... Só na tropa o banho passou a ser diário. Agora que penso nisso tenho de concordar que a tropa tinha algumas coisas boas... Que tempos!

5 comentários:

Perchta disse...

Essa para mim,confesso que também é nova...
Nem quero pensar no "fedor"...
Lá das coisas boas da tropa... devia ser o banho e pouco mais :)!

cavagnac disse...

Não posso, a propósito, deixar de recordar, também, como era quando eramos cachopos.
Primeiro havia banheira mas não havia água quende de torneira.
Então, ao sábado à noite, enchia-se uma bacia com água aquecida no fogão e a Jabel lá ia, pacientemente, lavando os pés creio que não só a nós mas também ao pai Arlindo.
Nesta parte a memória falha-me.
Quando o banho se impunha, não me lembro se em períodos de festa ou semanalmente, lá ia a Laura, com uns grandes panelões de água quente e fria - esta para temperar- que despejava na banheira para o banho de emersão( como é que se escreve esta porra?). è claro que a emersão poco passava das pernas mas, proto, lá dava para o banho.
E com que " cheirinho" de lá saíamos.
Uns tempos mais tarde que a minha recordação não abarca instalu-se nova banheira, com chuveiro, cuja água provinha do depósito da casa. Para a aquecer, foi instalado um "cilindro" que, quando se acendia o fogão de lenha, tornava a água quente. Maravilhas da técnica. O problema foram os fogões a gáz.
Ainda antes da colocação da banheira " com chuveiro" tinha-se procedido a grandes obras de remodelação da casa de banho. Anteriormente a " casa de banho" era, tão só, um cubículo onde se encontrava instalada uma sanita, ao tempo e em linguagem de rua, porque lá em casa nem chiça se podia dizer," cagadeira " directamente, isto é, sem qualquer canalização, ligada à fossa.
Habituamo-nos todos a limpar o rabo. É importante, porém, que se diga que o pai assinava o " Comércio do Porto" e que, por isso, não havia falta de papel.
Às vezes havia falta de mão de obra para cortar os jornais em quadradinhos. E que bem que ficava o molho de papéis, cortados aos quadradinhos, pendurado num arame ou num prego, já não me lembro.
Depois do serviço era, quase sempre absolutamente necessário lavar as mãos porque os papéis se rasgavam e lá ia, em jeito de carícia, o dedo ao " olho do cu".
No tempo do capitão o cheiro era, de certeza, bom. Pois se nimguém se lavava todos cheiravam como deviam e ninguém dava conta. Como vivem as pessoas de Estarreja???

tess disse...

eu ainda nao li esse livro, sei que deve estar na minha lista de espera, que o meu pai me vai fazendo, de qualquer maneira esse promenor é curioso e promissor. é incrivel a ideia de que nao havia papel higienico, fogo o papel de jornal é duro!
se eu ja me vejo grega quando estou na sanita e percebo que nao tenho papel perto, imaginar não ter de todo ....?! é completamente estranho.
:P

loclicas disse...

isto é uma conversa de merda .... mas interessante e profundamente de interesse cultural.
Eu lembra-me dos tachos de água a ferver no fogão para o banho, uma vez por semana ao sabado, e lembra-me da tortura que era a obrigação de lavar os pés antes de ir para a cama.
Entretanto pensando bem os jornais tinham muito interesse, porque além das noticias eram extremamente uteis para limpar o cu.
deve ser por isso que nos habituamos a ler na casa de banho, porque enquanto obravamos iamos lendo as noticias do quadrado a que nos iamos limpar, no fundo eram uma bela terapia, se fosse má....

Cláudio disse...

Para tornar mais realista a cena acrescento que, a dada altura, o futuro capitão, que dormia na mesma cama com dois irmãos mais velhos, já era demasiado crescido para caberem os três na mesma cama na posição normal e passou a dormir, qual sardinha em lata, com a cabeça para os pés da cama...