quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Vida difícil

Como só eu escrevo, vou continuar com as memórias, já que estes dias de chuva me lembram esses tempos.
Tinha ,talvez 8 anos ,quando houve um inverno medonho .A má diz que choveu 6 meses seguídos. Não sei se é bem assim, mas lembro-me que choveu muito,de noite e de dia chovia sempre ,nós íamos para a escola,e tínhamos roupa e sapatos na escola para mudar. Foi no ano em que apareceram as galoxas.
O pior desse tempo não era andar sempre a mudar a roupa , era as massagens aos pés com álcool, que pegou moda nessa altura e que passou a ritual nas famílias , eu achava péssimo.
Eu ia muitas vezes para Lousada de bicicleta, e no verão muitas vezes vinham chuvadas de repente.Ia brincar com os primos e só me lembrava que já devia estar em casa quando a tia chamava os primos para jantar.Claro que era pegar na bicicleta e em grande velocidade ganhar tempo para não chegar tarde a casa,o que não era muito difícil porque era sempre a descer.Um dia choveu torrencialmente durante o trajecto e quando ía na zona da "revolta do hospital " que tinha um piso muito liso, a bicicleta derrapou e eu caí na valeta que ía cheia de água.Mas como não havia tempo a perder , saí da valeta peguei outra vez na bicicleta e pensei , "quando chegar a casa logo se vê".
Claro que cheguei a casa e fui a correr ao quarto mudar de roupa,mesmo com as pessoas todas na mesa a protestar ,porque além de vir tarde ainda por cima não vinha logo para a mesa.Lá fui para a mesa com roupa seca,mas toda a pingar.E lá tive que ouvir a refilisse dos pais, porque andava sempre a correr e ainda por cima não tinha vergonha de andar sempre toda suada.

A bicicleta além de ser um meio de transporte era muito estimada, por isso passávamos horas a limpa-la , o olear a corrente a afinar os travões etc, por isso no dia seguinte lá tive que ir aos arranjos da bicicleta.Era uma vida difícil.

4 comentários:

Perchta disse...

A Avó conta muito essa história do (ou dos) Invernos em que vocês iam para escola, "coitadinhas", de galochas pesadas nos pés e às vezes o Avô não vos levava e tinham que ir a pé. Ela tinha muita pena vossa... ainda por cima a escola nem era assim tão importante porque vocês haviam de crescer e casar com um homem que vos sustentasse... para fazer chazinhos e bailes não era preciso tanta escola!
Quem diria que o mundo dela ia ser tão diferente do vosso?
Quanto à paixão pela bicicleta, parece que já tens herdeiro... o nosso engenheiro mecânico qualquer dia também já anda para aí a engendrar!

loclicas disse...

Sempre que dizia á avó que queria ser
médica ela dizia "é ,é " "é melhor por o coração de lado" "porque no vosso tempo não vai haver criadas para vos fazer o serviço""e depois é que eu quero ver"

Cláudio disse...

Suponho que seria a bicicleta que morreu em Aparecida e em que devo ter dado alguns tombos... O meu jeito para aquilo era pouco e demorei a conseguir equilibrar-me. Então quando não era a descer e tinha que dar aos pedais! Mas lá consegui acabar por me equilibrar e a certa altura já conseguia, suprema habilidade, pedalar com as mãos fora do guiador. Ainda há pouco tempo recordei para mim esses tempos de correrias de bicicleta, por vezes emprestada já que, além da tua, só havia a do Sérgio e, creio, a do Zé Alípio que não chegavam para todos. E quando o tombo dava em estragos na máquina? Como explicar ao dono e à Bel?...

Cláudio disse...

Suponho que seria a bicicleta que morreu em Aparecida e em que devo ter dado alguns tombos... O meu jeito para aquilo era pouco e demorei a conseguir equilibrar-me. Então quando não era a descer e tinha que dar aos pedais! Mas lá consegui acabar por me equilibrar e a certa altura já conseguia, suprema habilidade, pedalar com as mãos fora do guiador. Ainda há pouco tempo recordei para mim esses tempos de correrias de bicicleta, por vezes emprestada já que, além da tua, só havia a do Sérgio e, creio, a do Zé Alípio que não chegavam para todos. E quando o tombo dava em estragos na máquina? Como explicar ao dono e à Bel?...